Tudo o que você precisa saber sobre a crise energética mundial

A crise energética mundial é um conjunto de desafios relacionados à produção, distribuição e uso de energia em escala global. A tendência é que a energia se torne um recurso cada vez mais caro, em função da oferta ser menor do que a demanda. Como consequência, será necessário ter racionalidade no consumo.

Confira no artigo a seguir quais são os fatores que levaram a esse cenário.

Quais os problemas envolvidos na crise energética?

Há uma série de condições que favorecem a situação enfrentada atualmente em todo o mundo em relação aos combustíveis e energia elétrica. 

A dependência em relação aos combustíveis fósseis é uma das principais. A maior parte da energia utilizada no mundo é gerada a partir de recursos como petróleo, gás natural e carvão, que são finitos e poluentes. Cerca de 80% da produção de energia de todo o mundo advém dessas fontes. 

A dependência excessiva destes recursos pode levar a problemas de escassez e ao aumento de preços, além de contribuir para o aquecimento global, devido aos gases emitidos em sua queima.

Essa dependência é justamente um dos principais fatores responsáveis pelo aquecimento global e pelos problemas ambientais associados.

A produção e o uso de energia têm um impacto significativo no meio ambiente, incluindo emissões de gases de efeito estufa e poluição do ar e da água.

Em relação aos gases emitidos, o que mais preocupa é o dióxido de carbono (CO2), que é gerado pelo consumo de combustíveis fósseis e é uma das principais causas do aquecimento global. 

Esse cenário tem como consequências fenômenos climáticos extremos, como secas, inundações e tempestades, bem como o derretimento das calotas polares e o aumento do nível do mar.

Também é importante considerar a escassez de recursos. A demanda por energia está aumentando constantemente devido ao crescimento da população e da economia global, o que pode levar a uma escassez de recursos energéticos.

Além disso, muitos países dependem de importações de combustíveis fósseis, o que os torna vulneráveis às flutuações dos preços desses recursos.

Outro aspecto a ser considerado é em relação à insegurança energética. Dependendo das fontes e do modo pelo qual uma nação obtém sua energia, ela pode ficar vulnerável a interrupções no fornecimento ou a mudanças nas condições de mercado.

Isso tudo pode agravar a desigualdade na distribuição de energia. Muitas pessoas em todo o mundo ainda não têm acesso à energia elétrica, principalmente nas regiões mais pobres e menos desenvolvidas. Esse contexto pode afetar o crescimento econômico e o bem-estar dessas populações.

Para enfrentar a crise energética, é necessário implementar medidas que promovam a transição para fontes de energia renováveis e mais sustentáveis, bem como promover a eficiência energética e reduzir o consumo de energia.

Isso pode incluir investimentos em tecnologias limpas (como fontes de energia solar, eólica e hidráulica), políticas públicas e mudanças nos padrões de consumo de energia.

Além disso, é importante promover a cooperação internacional e o diálogo entre governos, empresas e outras partes interessadas para encontrar soluções globais para os desafios energéticos.

Como dá para notar, a crise energética mundial é um grande desafio que precisará ser enfrentado por governos de todo o mundo. Confira a seguir as circunstâncias geopolíticas que culminaram nessa situação. 

O que está por trás da crise energética mundial? 

O sistema energético mundial está atravessando um período de imprevisibilidade. Vários fatores convergiram para provocar essa crise da oferta e explosão dos preços em quase todo o mundo. Especialistas atribuem o momento principalmente à pandemia do coronavírus e a guerra entre Rússia e Ucrânia. 

A pandemia causou um forte impacto sobre o sistema energético mundial devido, inicialmente, à uma queda abrupta da demanda mundial e dos preços internacionais (em decorrência da interrupção instantânea e universal da atividade econômica, e do aumento imediato do desemprego).

Em relação ao conflito entre Rússia e Ucrânia, acredita-se que esse cenário possa causar uma crise energética muito maior do que as crises do petróleo dos anos 1970 e 1980, e provavelmente mais longa também. 

A Rússia é a maior exportadora mundial de combustíveis fósseis, porém, ao invadir a Ucrânia, tudo indica que deixe de estar tão envolvida no fornecimento global de energia.

Sua participação no mercado era de 20% em 2021, e deve cair para 13% em 2030, segundo o relatório anual World Energy Outlook, da Agência Internacional de Energia (IEA). 

Os preços de energia podem continuar subindo à medida que a Europa abre mão do petróleo russo e do gás. Essa escassez de oferta pode levar a Europa a enfrentar alguns desafios, incluindo o racionamento. 

A combinação entre sub-investimento no setor de energia, forte demanda e interrupções na oferta devido à guerra pode acarretar em consequências preocupantes, ameaçando a recuperação econômica após a pandemia de Covid-19, intensificando a inflação e minando esforços para conter o aquecimento global.

Essas condições devem levar à necessidade de mudanças dentro da matriz energética dos países mais afetados pela crise. Assim, será preciso redirecionar investimentos e tomar decisões importantes, como abandonar de vez o carvão como fonte de energia.

Apesar dessa crise energética ter uma dimensão mundial, tudo indica que seus impactos mais profundos e de longo prazo serão sentidos principalmente nos países do continente europeu.

Isso se deve ao fato da Europa ser muito dependente das importações de energia (principalmente em relação ao petróleo e ao gás), e também por liderar a luta mundial contra o uso do carvão e de todas as fontes de energia fósseis. 

Diante desse cenário, a IEA prevê, inicialmente, um pico na demanda por combustíveis fósseis, mas a partir de 2025 a tendência é que as emissões globais comecem a diminuir, apontando para uma guinada a um futuro mais verde.

A crise energética pode transformar o cenário global de energia, causando mudanças profundas e duradouras, com potencial para acelerar a transição para energia renovável e garantir um sistema energético mais sustentável e seguro.

De acordo com as previsões feitas pela IEA, os investimentos anuais em energia renovável devem chegar a 2 trilhões de dólares até 2030, um aumento de 50% em relação a hoje.

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